O LIMITE DO DESCONHECIMENTO TECNOLÓGICO

Por Reges Antonio Bronzatti
Advogado e Mestre em Ciência da Computação

A tecnologia computacional avança acelerada dentro das nossas empresas e residências. Tudo agora é digital. Até o sinal da TV ou o controle da iluminação da sala de estar. Mas a superficialidade que a sociedade vêm impondo aos assuntos tecnológicos, de maneira geral, reflete nas organizações e no uso que fazem da informática para se tornarem mais competitivas.

É notório que um dos maiores custos de uma empresa está nas pessoas que ela emprega. Não há negócio, no mundo moderno, que não necessite de colaboradores, mas a pergunta que fica é: A informática não tiraria o emprego das pessoas e reduziria estes custos? Essa pergunta era freqüente em bancos escolares há 20 anos atrás. E por que então as empresas continuam contratando e aumentando seus quadros, tendo dificuldade de gerir custos se os sistemas computacionais estão cada vez mais aprimorados? Em primeiro lugar, tecnologia não desemprega ninguém, mas tira muitos da zona de conforto e em segundo lugar, a resposta é simples, mas dificilmente, enfrentada com a firmeza que se espera de um gestor: Não existem processos de gestão tecnológica dentro da maioria das organizações.

É comum que o gestor delegue, por total desconhecimento, a profissionais, autodidatas em informática, sem nenhuma formação administrativa, incapazes de elaborarem um planejamento estratégico, os rumos técnicos da empresa que permitiriam a empresa crescer ou lucrar mais. A conversa com estes profissionais não sai do bit e byte, se este ou aquele software é melhor ou pior. Uma pergunta que deveriam fazer: O que a tecnologia pode fazer pelo negócio da empresa? pergunta singela, mas raramente praticada.

Não é difícil nos depararmos com empresas que não sabem sequer a quantidade de computadores ou softwares que utilizam ( patrimônio da organização) ou quanto custa, por exemplo, uma ligação de um ramal interno para outro, durante o horário de expediente, porque não tem indicadores para controlar seu processo de telefonia, que agora é digital, e passa “por dentro” de um software. Não é porque se trata de um assunto de tecnologia que não se possa utilizar teorias administrativas para custar menos ou lucrar mais.

Em 2005, a empresa KeyStone Strategy juntamente com a Harvard Business School, fez um levantamento com empresas, de portes diversos, questionando o uso que estas faziam da tecnologia em seus negócios. Independente do porte, as que mais utilizavam informática, em seus processos produtivos, lucravam, pelo menos, 10(dez) pontos percentuais a mais do que as empresas que não tinham em sua estratégia, o uso da tecnologia. Para os céticos, basta lembrar que o segmento bancário no Brasil é um dos que mais lucram, tendo como estratégia máxima, o banco eletrônico.

Já é hora de descobrirmos qual o nosso limite de conhecimento tecnológico e buscar a inovação sob pena de sermos superado pela concorrência.

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